A Trivialidade da Excelência: Quando pensamos em excelência, logo nos vêm à mente imagens de grandes gênios, atletas olímpicos, músicos prodígios ou empreendedores visionários. Pessoas que estão num “nível acima”. Mas e se eu te dissesse que a excelência não é algo místico, inalcançável ou divino — mas sim algo trivial? Sim, trivial. Algo que qualquer pessoa pode conquistar. Porque, no fundo, a excelência nada mais é do que o ordinário feito de forma extraordinária… com consistência.
Este artigo é um convite para repensar o que você entende por ser excelente — e como, talvez, você já esteja mais perto disso do que imagina.
O que é excelência, afinal?
Excelência não é perfeição
Muita gente confunde excelência com perfeição. Mas são coisas completamente diferentes. A perfeição é ideal, inalcançável, um conceito puramente teórico. Já a excelência é o melhor que se pode fazer com os recursos que se tem — hoje. Ela está profundamente ligada ao esforço, dedicação e vontade de melhorar.
Excelência é saber que mesmo em dias ruins, você deu o seu melhor. Que você agiu com integridade, atenção aos detalhes e presença. É sobre responsabilidade com o que você faz, mesmo quando ninguém está olhando. E o mais curioso? Isso não exige nenhum “superpoder”. Só exige decisão.
Enquanto a perfeição paralisa, a excelência liberta. A perfeição cobra, julga, compara. A excelência inspira, motiva, constrói.
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A diferença entre talento e excelência
Outro erro comum é achar que pessoas excelentes nasceram com talento especial. Embora o talento ajude, ele está longe de ser o fator determinante. Excelência é construída. É uma maratona, não uma explosão.
Uma pessoa talentosa que não treina perde espaço para alguém mediano que repete, ajusta, melhora. O famoso “hard work beats talent when talent doesn’t work hard” (o trabalho duro vence o talento quando o talento não trabalha duro).
A excelência exige persistência. Não é fazer uma coisa incrível uma vez, mas fazer o básico bem-feito mil vezes. A diferença entre o medíocre e o excepcional está na constância com que se faz o que precisa ser feito.
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Por que consideramos a excelência algo raro?
O mito do dom natural
Vivemos numa cultura que exalta o dom como explicação para tudo. Se alguém toca bem um instrumento, logo dizemos: “nossa, que talento!”. Poucos param pra pensar em quantas horas essa pessoa praticou, quantos erros cometeu, quantas vezes quase desistiu.
Esse mito do dom é confortável. Ele nos dá uma desculpa para não tentar: “Ah, eu não tenho esse dom, então não adianta”. Mas a verdade é que o dom pode abrir portas, mas é o hábito que mantém elas abertas.
É mais fácil admirar a excelência dos outros do que reconhecer que ela é possível para nós — se estivermos dispostos a pagar o preço da repetição.
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O papel da cultura e da mídia nessa percepção
A mídia vende histórias prontas. Os bastidores não são glamourosos. Eles não vendem tanto quanto o “antes e depois”. Poucos querem saber do meio — do processo. Mas é justamente ali que a excelência mora.
Ninguém mostra os treinos às 5h da manhã, os dias de dúvida, as noites em claro. Mostram o resultado final: o prêmio, o sucesso, a conquista. Isso cria a ilusão de que excelência é mágica, instantânea. E que só os “escolhidos” chegam lá.
Essa distorção cultural alimenta o pensamento de que ser excelente é algo inalcançável. E por isso, muitos nem tentam. Mas quem entende que excelência nasce do comum ganha um superpoder: o da persistência.
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A banalidade do extraordinário: o que poucos enxergam
Excelência é resultado de repetições simples
A verdade é que o extraordinário é construído por repetições ordinárias. Ele é o cozinheiro que corta cebola todo dia com precisão. O pianista que toca a mesma escala cem vezes. O desenvolvedor que testa código após código até encontrar o bug.
Não tem segredo. Tem rotina. Tem simplicidade. O que diferencia alguém excelente de alguém comum é a forma como encara o trivial. Enquanto muitos desprezam o simples, os excelentes o dominam.
Excelência é afiar o machado todos os dias. É transformar o “chato” em meditação. É fazer o que precisa ser feito, mesmo quando não se tem vontade.
O poder do ordinário feito com intenção
Imagine duas pessoas varrendo o chão. Uma faz no automático, pensando na hora de ir embora. A outra faz com atenção, capricho, cuidado. Ambas fazem a mesma tarefa. Mas o resultado e o impacto são completamente diferentes.
Esse é o poder da intenção. O simples, quando feito com presença, vira extraordinário. E isso vale para tudo: cozinhar, escrever, vender, ouvir alguém.
Excelência é mais sobre o como do que o o quê. Não importa o tamanho da tarefa, mas o nível de presença e entrega que você coloca nela. Quem entende isso transforma o ordinário em arte.
Casos que provam que excelência é trivial
Michael Jordan e os arremessos diários
Michael Jordan é quase sinônimo de excelência no basquete. Mas o que poucos sabem (ou lembram) é que ele não foi o maior por puro talento — mas por consistência. Ele era conhecido por treinar antes e depois dos treinos oficiais. Arremessava milhares de vezes por dia, repetia movimentos básicos à exaustão.
Durante anos, Jordan se dedicou ao ordinário. Não aos lances mirabolantes, mas aos fundamentos: dribles, postura, marcação, condicionamento. Sua excelência nasceu do simples, feito com disciplina militar.
Ele mesmo dizia: “Eu errei mais de 9.000 arremessos na carreira. Perdi quase 300 jogos. Em 26 ocasiões, confiaram em mim para o arremesso da vitória… e eu falhei. Eu fracassei várias e várias vezes na minha vida. E é por isso que eu venci.”
Essa citação resume tudo: excelência vem da coragem de repetir o básico, aceitar os erros, e continuar tentando.
Beethoven e os exercícios constantes
Beethoven é outro nome que remete à genialidade. Mas pouca gente fala sobre como ele escrevia, reescrevia e reescrevia cada partitura novamente. Há registros de suas composições cheias de rabiscos, cortes e ajustes. Nada saía perfeito na primeira tentativa.
Ele tinha um hábito quase obsessivo de revisar, lapidar e refinar. E isso revela algo poderoso: até mesmo gênios precisam de prática.
A excelência musical de Beethoven não está apenas no ouvido absoluto, mas no trabalho silencioso de aperfeiçoamento. Ele entendia que a beleza nasce do detalhe — e o detalhe exige tempo.
A lição aqui é clara: não existe dom que resista à disciplina. O trabalho diário, constante, muitas vezes chato, é o verdadeiro berço da maestria.
Pequenas ações, grandes impactos
O efeito composto da consistência
Já ouviu falar no “efeito composto”? É um conceito simples e poderoso: pequenas ações feitas de forma contínua geram grandes resultados com o tempo. A excelência, nesse sentido, não é um grande salto, mas uma escada — e cada degrau é uma repetição do básico.
Exemplo: se você ler 10 páginas por dia, terá lido cerca de 15 livros por ano. Se escrever 500 palavras por dia, terá um livro inteiro em dois meses. Se fizer 30 minutos de exercício por dia, seu corpo mudará — não em uma semana, mas em um ano.
O problema é que o progresso lento não é glamouroso. E por isso, é negligenciado. As pessoas querem resultados rápidos. Mas os que alcançam resultados duradouros entendem que a excelência é sutil, quase invisível no dia a dia… até que se torna óbvia.
A constância é o maior diferencial entre quem tenta e quem conquista. E o melhor: qualquer um pode ser constante. Basta escolher.
A força do 1% melhor por dia
Melhorar 1% por dia pode parecer insignificante. Mas quando acumulado ao longo do tempo, é transformador. É o princípio da melhoria contínua: Kaizen, como dizem os japoneses.
Vamos a um exemplo simples de matemática: se você melhorar 1% ao dia, em um ano estará 37 vezes melhor do que quando começou. Parece mágica, mas é só matemática exponencial.
O oposto também é verdade. Se você piorar 1% ao dia, chegará a quase zero de produtividade e resultados. Pequenos hábitos, bons ou ruins, acumulam. E acumulam muito.
Isso mostra que excelência não exige revoluções. Exige ajustes diários. Um pouco mais de foco, um pouco mais de cuidado, um pouco mais de presença… e você já está à frente da maioria. O segredo está em ser consistentemente bom — não ocasionalmente brilhante.
Por que a excelência ainda assusta tanta gente?
Medo da mediocridade
Existe uma crença enraizada de que se você não for “incrível”, não vale a pena tentar. É o pensamento do tudo ou nada. E isso paralisa. Muita gente prefere nem começar a arriscar ser excelente, por medo de não alcançar o ideal que criou na cabeça.
Mas excelência não tem a ver com comparação. Não é sobre ser melhor que os outros, mas melhor do que você mesmo foi ontem. É um jogo interno.
O medo da mediocridade faz com que muitos se escondam na zona de conforto. Mas ironicamente, é justamente ali que a mediocridade cresce. Fugir do esforço, do simples, do processo, é a receita perfeita para nunca chegar a lugar nenhum.
Encarar o caminho da excelência é ter coragem de ser iniciante, errar, melhorar. E isso assusta. Mas também liberta.
Falta de paciência com o processo
Vivemos numa era de gratificação instantânea. Queremos resultados para ontem. E excelência, como você já entendeu, é o oposto disso. Ela é paciente, silenciosa, gradual.
A falta de paciência é uma das maiores sabotadoras da excelência. As pessoas desistem antes dos resultados aparecerem. Pulam de meta em meta, de técnica em técnica, sem ficar tempo suficiente em nenhuma delas para ver frutos.
Excelência exige resiliência. É regar uma planta todos os dias sem ver crescer… até um dia, do nada, ela floresce. É confiar no processo mesmo quando os resultados ainda não chegaram.
E se você entender que o processo em si já é uma forma de vitória, a excelência virá naturalmente. Porque ela não está no destino, mas na jornada.
Como tornar a excelência parte da rotina
Princípios diários que geram resultados extraordinários
Se existe um segredo para alcançar a excelência, ele está nos rituais diários. Sim, nos pequenos atos que parecem insignificantes. A forma como você acorda, se alimenta, trabalha, conversa, estuda — tudo isso molda sua trajetória.
A excelência se constrói sobre hábitos como:
- Fazer o básico bem-feito, sempre.
- Revisar, ajustar, melhorar — continuamente.
- Ter atenção ao que está fazendo, por menor que pareça.
- Escolher a qualidade ao invés da pressa.
- Manter compromissos consigo mesmo.
Não é preciso inventar grandes rotinas. Às vezes, só manter a mesa de trabalho organizada ou planejar o dia já é suficiente para criar um ambiente fértil para a excelência florescer.
Esses princípios, quando aplicados com disciplina e paciência, geram um acúmulo invisível de progresso. E de repente, aquilo que parecia comum se torna extraordinário. Excelência não é glamour — é hábito com intenção.
A importância da disciplina acima da motivação
A motivação é uma visita ilustre: aparece quando quer, geralmente nas horas mais inspiradas. Mas quem vive esperando motivação para agir, vive estagnado. Já a disciplina, por outro lado, é fiel. É ela quem segura a barra nos dias difíceis.
Disciplina é fazer o que precisa ser feito mesmo sem vontade. É levantar e treinar, mesmo com sono. É estudar quando preferia estar no sofá. É dizer “não” ao prazer imediato em nome do propósito maior.
A boa notícia? Disciplina também é treinável. Quanto mais você a pratica, mais forte ela fica. Comece com pequenos compromissos — e cumpra. Isso gera confiança, que gera ação, que gera excelência.
Enquanto muitos esperam sentir vontade para começar, os disciplinados já estão fazendo. E é por isso que chegam mais longe.
Excelência no trabalho, nos relacionamentos e na vida
Aplicando o simples com atenção plena
Ser excelente não é uma habilidade reservada aos grandes artistas, atletas ou gênios da tecnologia. É algo que pode — e deve — ser aplicado em todas as áreas da vida.
No trabalho, excelência é entregar com capricho, cumprir prazos, comunicar com clareza. É não fazer só o suficiente, mas ir um pouco além, mesmo que ninguém peça.
Nos relacionamentos, excelência é ouvir com presença, cuidar com carinho, estar disponível de verdade. Não precisa de gestos grandiosos. Às vezes, um “bom dia” com atenção vale mais que mil declarações vazias.
Na vida pessoal, excelência é cuidar de si mesmo. É escolher alimentos que nutrem, pensamentos que elevam, ações que constroem. É estar comprometido com sua evolução.
Em tudo, a excelência mora no “como” e não no “quanto”. É possível fazer coisas simples de forma memorável — basta presença.
O valor do fazer bem-feito, mesmo quando ninguém está vendo
A verdadeira excelência não é performática. Ela acontece nos bastidores. Quando ninguém aplaude. Quando não há likes nem câmeras. Ela é silenciosa. E por isso, tão rara.
Mas é justamente nesses momentos solitários que ela se revela: no estudante que revisa pela décima vez, no cozinheiro que capricha no prato mesmo para si, no funcionário que entrega seu melhor mesmo sem reconhecimento imediato.
Isso é integridade. E a integridade é a base da excelência. Fazer bem-feito por escolha, não por cobrança. Por convicção, não por obrigação.
Essa forma de viver cria confiança, respeito e admiração. Não só dos outros, mas principalmente de você consigo mesmo. Porque no fundo, a pessoa mais difícil de enganar é o próprio espelho.
Conclusão: Excelência é um hábito acessível, não um privilégio
A excelência não está nas grandes conquistas, mas nas pequenas escolhas diárias. Não é um dom, é uma decisão. Não é um destino, é um caminho.
Ao longo deste artigo, vimos que a excelência é construída sobre fundamentos simples: repetição, atenção, paciência, disciplina e presença. Tudo isso está ao alcance de qualquer um — inclusive você.
O que separa quem realiza de quem só sonha não é talento, sorte ou genialidade. É a coragem de persistir no simples, todos os dias.
A partir de agora, toda vez que você fizer algo “pequeno”, lembre-se: é exatamente aí que mora a grandeza. Porque a excelência, no fim das contas… é trivial.
❓FAQs sobre A Trivialidade da Excelência
1. Excelência é a mesma coisa que perfeição?
Não. Excelência é fazer o melhor possível com o que se tem no momento. Perfeição é um ideal inatingível que, muitas vezes, paralisa.
2. Por que a excelência parece inalcançável?
Porque a cultura valoriza resultados imediatos e ignora o processo. Mas na prática, excelência é resultado de pequenas ações feitas com constância.
3. Qual o papel da disciplina na excelência?
Fundamental. A disciplina garante que você continue mesmo sem motivação, e é ela que transforma o simples em extraordinário com o tempo.
4. Qualquer pessoa pode ser excelente?
Sim. Excelência é uma escolha diária. Não exige talento nato, apenas compromisso, consistência e atenção.
5. Como aplicar a excelência no dia a dia?
Fazendo cada tarefa com presença, cuidado e intenção. Mesmo as mais simples, como arrumar a cama ou responder um e-mail.
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